29 de junho de 2020

B4 diariodolitoral.com.br SEGUNDA-FEIRA, 29 DE JUNHO DE 2020 A O isolamento social can- sa, e não é um cansaço ísico, mas simmental. Onão sair de casa para atividades simples, como fazer compras, visitar parentes e amigos, oumesmo viajar causa uma espécie de ‘fadiga’ e traz aquela sauda- de do que podíamos fazer an- tes, sema preocupação como coronavírus. “O corpo não é exigido na pandemia, mas a mente está sempre cansada”, a irma o educador ísico e neurocien- tista Alexandre H. Okano, pesquisador da Universida- de Federal do ABC (UFABC). Como estamos muito tempo em casa sem usar tanto os músculos para as atividades do dia a dia – e nem estamos falando de exercícios ísicos – eles não gastam muita ener- gia como antes. Aí o cansaço é mais mental do que ísico. Foi o primeiro-ministro inglês Boris Johnson que trouxe a expressão ‘fadi- ga de quarentena’. “A ideia é poupar ‘energia’ da popula- ção para que ela gaste essa energia no momento cer- to, nos picos de contamina- ção pelo coronavírus”, ex- plica Nara Lucia Botelho, psicóloga da BenCorp e Club- Saúde, e especializada em terapia cognitivo-compor- tamental e neuropsicologia. É o que ela chama de ‘tan- que cheio’: “No começo, te- mos energia para rodar mui- to, mas chega uma hora que o tanque vai esvaziando, e é quando vamos relaxando na manutenção dessas normas”. O neurocientista cita tam- bém outro fator que causa essa fadiga. “Estamos muito mais tempo online, o tempo de tela aumentou drastica- mente, tanto para quem está trabalhando ou quem tem i- lhos, que estão tendo aulas CHEGA? O cansaço da população com o isolamento e os cuidados sanitários para evitar a contaminação pelo coronavírus é visível: aumento na movimentação do comércio e no trânsito nas cidades online. O tempo de tela tam- bémgera fadiga, e a gentenão percebe”. Com o passar dos meses, mais e mais pessoas foram deixando de lado as reco- mendações sanitárias e pas- sarama sairmais de casa para atividades não essenciais – o que pode incentivar um re- laxamento ainda maior no isolamento. “O reforço so- cial é importante: enquanto está todo mundo engajado no processo eu também me engajo, mas se o outro não se sacri ica como eu estou me sacri icando, não vou me sacri icar”, a irma a psicólo- ga Nara. Junte-se a isso informa- ções con litantes de gover- nos federal, estadual e mu- nicipal sobre a abertura ou não das atividades comer- ciais. “O governo poderia ter medidas mais sérias vol- tadas para preservar a vida das pessoas, para impor iso- lamento ou até mesmo lock- down”, avalia Okano. “Deve- ria haver uma constância de informações pontuais, claras, para podemos nos apoiar em algo mais constante e man- ter asmedidas de prevenção”, a irma Nara. Enquanto o coronavírus continuar por aí, devemos manter as precauções de hi- giene e evitar sair de casa. Maspodemos tomar algumas providências para diminuir a fadiga desse período. “Pode-se fazer medita- ção, ou exercícios simples, como ‘bicicleta’ sentado no sofá, lavar roupa, fazer ativi- dades domésticas, levantar- -se para tomar água, ir à jane- la...issomandamais oxigênio para o cérebro”, aconselha o neurocientista. Cada um vai descobrir a sua própria atividade mais prazerosa. “Não tem recei- ta de bolo, cada um deve se aproximar daquilo que é do- tado de um signi icado afeti- vo. Nessa pandemia, temos mais tempopara incluir essas atividades e tentar se apro- ximar de atividades para ter esse equilíbrio emocional”, conclui a psicóloga Nara. É quando fazemos algo ao ver alguém fazendo, e a quarentena é um exemplo muito recente. No começo, boa parte do comércio fechou e muita gente ficou em casa. Mas o tempo passou, o número de casos vem aumentando e parece que o ‘sacrifício’ de ficar em casa não tem valido a pena. É aí que alguns dei- xaram de lado o isolamen- to social e passaram a sair para a rua – o que pode estimular outras pessoas a fazer o mesmo. “Se o outro não se sacrifica como eu estou me sacrificando, não vou me sacrificar mais”, explica a psicóloga Nara Lucia Botelho. Que tal dar um exemplo contrário - o de ficar em casa para evitar que o contágio continue aumentando? Reforço social A FORÇADO EXEMPLO AGUENTANDO FIRME O isolamento social ainda é a forma mais eficaz de evitar a contaminação pelo coronavírus, mas, depois de três meses da quarentena concordamos que está difícil resistir à vontade de sair de casa. Veja abaixo algumas sugestões: Que fadiga! Por Vanessa Zampronho ESPECIAL PARA A GAZETA anexo@gazetasp.com.br

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