21 de fevereiro de 2021

A3 diariodolitoral.com.br Domingo, 21 DE fevereiro DE 2021 Cidades AA O pescador profissional Damião dos Santos Macha- do, morador da área conheci- da como Rabo do Dragão, em Guarujá, flagrouos loteamen- tos de luxo Iporanga e São Pe- dro jogando lixo doméstico em um centro de composta- gemde lixo orgânico, na Área de Preservação Ambiental (APA) doParque SerradoGua- raru, que comporta também umaestrada turísticaambien- tal. O pescador fotografou, fil- moueaindaalertouos funcio- náriosqueestavamno local. O fato ocorreu no último dia 17, às 15h20. Ocentroficaàsmargensda Rodovia Ariovaldo de Almei- da Vianna SP 61, também co- nhecida comoEstradaGuaru- jáBertioga, aproximadamente no quilômetro 18, após a por- taria do Iporanga e um pou- co antes da Marina Chinen. O casoseráencaminhadoaoMi- nistério Público (MP). “Euacreditoqueessa situa- çãoocorre pelomenos há três meses. Ou seja, não há fisca- lização alguma. Eu pesco no canal de Bertioga próximo e vinha sentindo um cheiro de podre bem próximo do man- gue. Resolvi registrar porque o chorume está atingindo a vegetação e o mangue. Vou mostrar para as autoridades ambientais porque os condo- mínios alegam preservação e não a fazem”, afirma o pes- cador. Damião Machado aler- ta que os condomínios colo- caram até caçambas de lixo identificadas na área que é fe- chadapor umportão. “Muitas pessoas passam e não perce- bem. Mas o cheiro acaba de- nunciando a camuflagem e não impede a identificação. O lixo é retirado dos loteamen- tos e ficamexpostos esperan- doorecolhimentodaempresa Área preservada vira lixão emGuarujá MANGUE. Loteamentos jogam lixo em área próxima a mangue e mata atlântica O loteamento não respeita sequer a área de compostagem vegetal que ele próprio criou dentro da unidade de preservação DIVULGAÇÃO de lixo”, acredita. As áreas em que ficam os loteamentos de luxo emGua- rujá sãodaUnião.Ocentroem questão deveria servir apenas para armazenar e triturar res- tos de vegetação após podas de árvores e outros materiais orgânicos para posterior re- colhimento, mas as imagens mostram restos de lixos do- mésticos, recolhidosdas casas de dentro dos loteamentos. SEMREGRAS. Não é de hoje que oDiáriopu- blica os abusos cometidos pe- los loteamentos que impõem regras próprias para controle de acesso as praias e, quase sempre, desafia a fiscalização do poder público em relação a outras questões. Em abril do ano passado, por exemplo, empleno início da pandemia, quando a Pre- feitura se esforçava para con- trolar os acessos rodoviários e também via balsas, os mora- dores de Iporanga, São Pedro, Tijucopava, Itaguaí e marinas instaladas às margens do Ca- nal de Bertioga usavam heli- cópteros para vir e trazer ami- gos de São Paulo (Capital). Até Uber estava sendousado para burlar as fiscalização na balsa de Bertioga. Outro problema promovi- do pelos loteamentos é a res- trição às praias. Nos finais de semana, é comum idosos e muitas crianças, incluindobe- bês, ficaremhorasna filas, sob calor intenso, enquantoaguar- dam permissão de acesso. A situação causa também pro- blema de trafego do transpor- te público e ambulâncias, que são obrigados a transitar na estrada contramão. A Prefeitura assumiu a gestão das praias. No entan- to, os limites físicos definidos abrangem somente Guaiúba, Tombo, Astúrias, Pitangueiras, Enseada,MarCasado, Pernam- buco e Perequê. OMinistério Público fede- ral (MPF) até já recomendou a aberturados acessos àspraias, mas os loteamentos não so- frem qualquer constrangi- mento e continuam restrin- gindoaentrada, alegandofalta de vagas de estacionamento que eles mesmo criaram. Há quase 10 anos, o Diário denuncia os abusos cometi- dos. Em 2012, em função de uma sériede reportagens aler- tando sobre as restrições im- postas pelos loteamentos, o Diário foi selecionado para a final do 57° Prêmio Esso de Jornalismo, o principal da ca- tegoria em todo o País. IPORANGA. O São Pedro não se manifes- tou. Procurado, o Loteamento Iporanga informouqueocen- tro de compostagempossui a Iporanga e São Pedro jogam lixo doméstico emumcentro de compostagem de lixo orgânico, do Parque Serra do Guararu, na Estrada Guarujá- Bertioga Aquantidade acumuladamostra que jogar lixodoméstico no local é rotina, conforme acredita pescador DIVULGAÇÃO anuência da Companhia de TecnologiaAmbiental (Cetesb) e da prefeitura para dispor de forma transitória dois tipos diferentes de resíduos com disposições completamente distintas: vegetais eorgânicos domésticos (dispostos de for- ma transitória (até 1 dia) em caçambas de lixo para o reco- lhimento diário pelo serviço municipal de coleta urbana. “Sãomantidas oito caçam- bas para acondicionamento transitório exclusivo dos re- síduos orgânicos domésti- cos recolhidos diariamente no loteamento, o que diante do fluxo normal é suficien- te. Quando há alguma falha no atendimento de coleta pú- blica urbana, mesmo que por umdia, as caçambas esgotam sua capacidade de acondicio- namento. O fato é eventual, sendo recuperada sua progra- mação em menos de 48 ho- ras”, informa em nota, com- pletando que serão reiteradas providências junto à Prefeitu- ra para garantir o atendimen- toda coletapúblicadiária sem interrupções. PREFEITURA. A Prefeitura de Guarujá infor- ma que o centro de compos- tagem não é de propriedade do Município, mas mantido peloprópriocondomínio.Ain- da assim, fiscais da Secretaria de Meio Ambiente (Semam) estiveram no local na última quinta-feira (18) e intimaram o loteamento a regularizar a situação. (Carlos Ratton) AA Aconstruçãodeumconjun- toresidencial próximoda faixa de areia da Praia de Guaiúba, emGuarujá, gerou a criação de umabaixo-assinadoqueafirma que a obra pode vir a restringir o acesso da população aomar, além de gerar aglomerações maiores no entorno do local e retiraratranquilidadedequem está acostumado a passear pe- riodicamente na areia. Apesar disso,entretanto,aPrefeiturade Guarujágarantequeaobraestá regularizada e foi pensada de formaaevitar transtornospara novos e antigosmoradores. A petição, que segue online no portal Change.Org no mo- mentodapublicaçãodestama- téria,reúneassinaturasdemais de 4 mil pessoas e pede o em- bargodaobradoresidencialna praia do Guaiúba. Na publica- ção,oautorafirmaqueapreten- são da construtora é de erguer ‘prédios de condomínios no Guaiúba’ e a medida seria um desrespeito à lei de zoneamen- Guaiúba: prefeitura diz que obra não restringirá acesso à praia A petição on-line já reúne assinaturas de 4 mil pessoas NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL to, que declara o bairro como ‘Zona Especial de Interesse Tu- rístico e Zona de Baixa Densi- dade’, alémdeestar emÁreade ProteçãoAmbiental. “A construção de prédios no local irá causar incontáveis prejuízos à comunidadede fre- quentadoresdapraia,jáqueha- veráintensotráfegodeveículos nocalçadãopodendoocasionar acidenteseretirandodospedes- tres principalmente crianças, idosos e pessoas comdeficiên- cia toda tranquilidade que des- frutam ao caminhar pela orla”, escrevena publicação. Em contrapartida, a prefei- tura afirma que essas declara- ções são equivocadas, uma vez que a construtora não erguerá prédiosdeváriosandares.Além disso,todaaarquiteturadoam- biente, que ainda começará a serconstruído,foiconcebidase- guindonormasimpostasjánas próprias leismunicipais. “Esse é um alvará de 2017 que passou por aprovação e edificaçãosimilaràdeumarra- nhacéupodesererguidapróxi- moda faixadeareiadaPraiade Guaiúba e que entidades com- postaspormoradoresacompa- nharam o processo de libera- ção para que o residencial seja construído. “É um condomínio ‘unifa- miliar’ que não tem a caracte- rística de prédio e passou pelo estudodeimpactodevizinhan- ça, pelorelatóriode impactode trânsito, passou pela Sabesp, também passou pela restri- ção do Condephaat. Tanto por todos os órgãos ambientais e tantopelaprefeiturapassoufoi aprovado dentro da legislação atual. Ele não é um terreno de praia,eleérecuado,entreeleea praiatemaquelecalçadãogran- de.Opessoal chegouamencio- narquepodiaterumsombrea- mento na areia, mas não tem como”, explica. Na terça-feira (16), as redes sociais do empreendimento mencionavamaconstruçãode está,rigorosamente,atendendo ao códigourbanísticoda nossa cidade, oplanodiretor. Ogaba- rito dele é permitido naquela quadra até 12,5m de altura, ou seja, térreomais três andares e também atende a restrição do loteador que a ‘zona de vera- neio’, isso tá dentro das nossas especificações”,explicaAdilson de Jesus, Secretário de Infraes- trutura eObras. Ele afirma que a preocupa- ção da população ao ouvir fa- lar de ‘prédios’ é compreensí- vel,masreafirmaquenenhuma umagaragemnáutica.Naquin- ta-feira(18),entretanto,aRepor- tagem não conseguiu mais lo- calizaraspáginasdoresidencial. A prefeitura de Guarujá afirma desconhecer qualquer tipo de construção deste tipo dentro doquejáfoiacordadoentreem- presa e prefeitura. “Não existe garagem náu- tica, não existe no projeto que a gente aprovou. Existem uni- dades de 60 a 100metros qua- dradosdoapartamentoetodos elescomvagadegaragem.Des- conheço essas garagens”, con- clui Adilson. Quantoaos autores dapeti- ção e todos os moradores que assinaram o abaixo-assinado, o secretário explica que todas estas pessoas podem entrar em contato com a prefeitura para buscar esclarecimentos, mas ressalta que a Adminis- tração não prevê e não alme- ja nenhum tipo de mudança na rotina da Praia do Guaiúba. (LGRodrigues)

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