26 de março de 2021
A3 diariodolitoral.com.br Sexta-feira, 26 De março De 2021 Cidades A A pandemia que assola o País já há um ano, agora em seupontomaisaltoe letal, alia- da à faltadeumprograma for- te de assistência social, reali- zado por todas as esferas de governo – Federal, Estadual e Municipal - está castigando centenas de famílias que mo- ram na periferia de Santos. A fome estábatendoàs portas. É precisourgenteumaaçãolocal emergencial. Bemlongedomaior jardim de praia do Mundo, sem co- mida e sem trabalho, muitos santistas – boa parte crianças - estãopassandopor situações desumanas. Desdenovembro, os centros de Referência de Assistência Social (CRAS), res- ponsáveis por fornecer cestas básicasàs famíliasemvulnera- bilidade social, não estão con- seguindo atender a demanda. Agora, a situação piorou em função da alta procura. ConformeapuradopelaRe- portagem, liderançasdosbair- ros não estão conseguindo obter mais ajuda. As famílias mais vulneráveis são as mo- radoras de palafitas e Santos tem a maior concentração de moradores nessas condições da América Latina. Por causa do coronavírus, trabalhadores informais não essenciais não podem sair de casaparabuscar opão.Muitos não aparecem em cadastros porque, há meses, a assistên- cia social não consegue che- gar a suas residências. Outros sequer sabem onde tirar do- cumentos ou procurar ajuda. Leia Siqueira, da Central dos Movimentos Populares (CMP) da Vila Gilda, disse que um grupo de mulheres de di- versas comunidades está se organizando para tentar sen- sibilizar aPrefeituradeSantos. “Sónão fizemosmanifestação pública por conta da pande- Fome assola a periferia santista CESTAS-BÁSICAS. É preciso urgente uma ação emergencial para alimentar crianças Crianças são as que mais sofrem. Cartão alimentaçãda Prefeitura de Santos é de suma importância neste momento difícil NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL mia. Precisamosdecestasbási- cas, cartõesalimentaçãoeuma renda mínima. As pessoas es- tão semalternativa”, revela. SEMCARTÃO. Tatiana de Oliveira, que mora no Caminho São Sebastião, temquatro filhos e está sobre- vivendo por conta do pouco que consegue de mantimen- tos junto a um supermercado próximoedevizinhos. Sobrea camacomos filhoseageladei- ra compouca comida, diz: “eu pego legumes deixados pelo supermercado para ajudar as famílias e faço uma sopa para as crianças”. Juliana da Silva Barbosa, que mora no Beco Sete, na Vila Telma, implora por ajuda. Ela tem três filhos que estão estudando à distância, mas a comida é escassa. “O cartão alimentação não vem sendo carregado. Meus filhos acor- dam e eu não tenho sequer um café com pão para dar a eles.Ganhei farinhaeconsegui fazer umbolo, que eles come- ramcomágua”. Christiane Gonçalves dos Santos,moradoradaRuaFaus- toLourençoGomes, 54, no Jar- dim Rádio Clube, revela que tem oito filhos e paga alu- guel. “Ainda estou recebendo uma cesta-básica de um pro- jeto (Tia Egle), mas não tenho comopagaroaluguel.Ocartão alimentação não está sendo carregado e o CRAS não está fornecendo alimentação. Tem muitasmãesnessa situação.O pouco que vier, ajuda”, afirma. Lucilene Maria da Silva, moradora da Rua Brigadeiro Faria Lima, 1.143, também no Rádio Clube, com sete filhos, garante: “noCRAS, alegamque as cestas básicas não chega- ram”. Ela é acompanhada por DaianeCostadaSilva, doCami- nho São Sebastião, Beco Um, com três filhos e desempre- gada. “Os cartões alimentação não estão sendo carregados e nem estamos recebendo as cestas-básicas”. ESPECIAIS. OpresidentedoConselhoMu- nicipal de Pessoas com Defi- ciência (Condefi) de Santos, Francisco José Moreira da Sil- va Júnior, afirma que as pes- soas com necessidades espe- ciais também estão passando por situaçãosemelhante. Ele já procurou a Secretaria de Ação Social e não obteve retorno al- gum. Então, resolveu encami- nhar a situação à Defensoria Pública. “EstivenaVilaPantanal, no Saboó, e verifiquei um autista quevivenumburacopoisnão tem nenhuma ajuda do po- derpúblico, inclusivedoCRAS, porque as assistentes sociais não entram emnenhuma co- munidade. O CRAS, desde no- CRAS, responsáveis por cestas básicas às famílias em vulnerabilidade social, não estão conseguindo atender a demanda. Mães apelampor ajuda Rádio Clube: mães explicam as dificuldades para abastacer a casa com o básico, como feijão e arroz NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL vembro, não entrega cestas básicas e não faz novas inscri- ções. Sempre quando há uma grande procura, o serviço fe- cha às portas”, afirma. PREFEITURA. APrefeitura garante que criou programaBolsa-Alimentaçãoe distribuiucestasbásicas: “Des- de o início da pandemia até agora, foram mais de 74 mil para famíliascomfilhosmatri- culados na rede municipal de Ensino; 19.437 nos oitoCRAS e auxílio-emergencial de duas parcelas de R$ 1 mil para 457 trabalhadores entreoutrosbe- nefícios”. O Município oferta ainda dois núcleos Integrados de Assistência Social (NIAS) para garantir que os serviços de assistência social estejam im- plantados nos territórios de maior vulnerabilidade social e forneceu cestas básicas para as famílias que não têm ins- crição no Cadastro Único do Governo Federal. “No mês de março estão sendo distribuí- das 2.712 pelos CRAS e NIAS”, garante emnota. Sobre o cartão Bolsa-Ali- mentação, informaque a ação foi realizada emcaráter emer- gencial e cumprida na ínte- gra nosmeses demaio a julho de 2020, conforme a legisla- ção. Porém, foi prorrogadopor mais ummês. Em dezembro de 2020, a Prefeitura liberou aindamais quatro parcelas para as famí- lias de 8,3 mil estudantes da rede pública. (Carlos Ratton) A A Justiça negou duas li- minares em ações popu- lares, movidas por dois munícipes contrários ao lockdown em Santos. A pri- meira decisão foi na se- gunda-feira (22), e a ou- tra, nesta quarta-feira (24). Ambas reforçam a impor- tância das medidas restri- tivas adotadas desde a últi- ma terça-feira (23) em toda a Baixada Santista. Na ação mais recente, a juíza da 3ª Vara da Fazen- da Pública, Ariana Consa- ni Brejão Degregório Ge- rônimo, disse: “O atual momento reclama esfor- ços conjuntos de todas as pessoas políticas e so- ciedade para a superação do agravamento da pan- demia”, enquanto a juíza Fernanda Menna Pinto Pe- res, da 1ª Vara da Fazenda Justiça nega liminares contra o lockdown em Santos A Justiça negou duas liminares em ações populares, movidas por dois munícipes contrários ao lockdown em Santos NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL Pública, responsável pela decisão da primeira ação, declarou: “discutir a na- tureza jurídica do decreto municipal enquanto a po- pulação morre sem leito nos hospitais seria, a rigor, decretar também o colap- so da Justiça”. A Procuradora Geral de Santos, Renata Arraes, afir- mou que as decisões res- paldam a legalidade dos atos da Prefeitura e que “reconhecem a necessi- dade de observância das medidas, conforme as orientações das autorida- des sanitárias e de saúde, como forma de desacele- rar a proliferação do vírus. Em que pese a existência de outros direitos e garan- tias individuais, segundo as decisões, há que preva- lecer a preservação da saú- de e da vida das pessoas, o que, no momento crítico que vivemos, depende da colaboração e conscienti- zação da população quan- to ao seu cumprimento”. (DL) A Prefeitura de São Vi- cente alterou medidas referentes às atividades advocatícias, templos, igrejas, espaços religiosos, óticas, petshops e ativida- des físicas. As mudanças incidem sobre o Decreto nº 5495-A, de 22 de março, que trata da adoção de me- didas emergenciais de iso- lamento social no Municí- pio, de caráter temporário e excepcional. As alterações se referem ao artigo 2º, acrescidos os parágrafos 9º e 10º, e inclu- são no inciso III, alíneas “e” e “f ”. Outro artigo alterado é o 7º, no qual foi acresci- do o inciso VII. Confira as mudanças: Os advogados podem exercer suas funções pre- sencialmente, caso compro- vada a impossibilidade das atividades à distância. Novo decreto altera restrições em SV Os templos e espaços re- ligiosos podem permane- cer abertos apenas para fins de atividades administrati- vas e de assistência social. As celebrações presenciais continuam suspensas. Os serviços de atendi- mento animal nos pet- shops podem ocorrer de forma presencial de segun- da a sexta-feira, das 06h às 20h, apenas para venda de produtos e medicamentos indispensáveis. As óticas devem funcio- nar de segunda a sexta-fei- ra, das 06h às 20h, somente com agendamento registra- do em livro de controle para fins de fiscalização. As atividades físicas indi- viduais em espaços abertos são permitidas entre 6h às 9h e 16h30 às 19h. A orla da praia segue com proibição de circulação. (DL)
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