15 de maio de 2021
A6 diariodolitoral.com.br Sábado, 15 dE maio dE 2021 A O depoimento à CPI da Co- vid do Senado nesta quinta- -feira (13) do gerente-geral da Pfizer na América Latina, Car- losMurillo, reforçou junto com outrosprestadosnesta semana os indícios de que o presiden- te Jair Bolsonaro negligenciou a pandemia. O representante da Pfizer afirmou que a empresa fez em 2020 ao Brasil ao menos cin- co ofertas de doses de vacinas contra o coronavírus e que o governo federal ignorou pro- postapara comprar 70milhões de unidades do imunizante. As falas de Murillo confir- mam o que foi dito um dia antes na comissão pelo ex-se- cretário FabioWajngarten (Co- municação), segundo o qual o país deixou parada a negocia- ção como laboratório durante dois meses. Na avaliação de senadores do grupo majoritário da CPI e integrantes da equipe do rela- tor Renan Calheiros (MDB-AL), ambos os depoimentos, alia- dos ao do presidente daAnvisa (Agência Nacional de Vigilân- cia Sanitária), Antonio Barra Torres, indicam negligência por parte do presidente com medidas de combate ao coro- navírus. Barra Torres, em oitiva na comissão na terça (11), se con- trapôs a discursos negacionis- tas de Bolsonaro e disse que Murillo afirma que o governo federal ignorou propostas da Pfizer DIVULGAÇÃO Relatos reforçamnegligência de Bolsonaro no combate à pandemia CPI. Depoimentos indicam negligência por parte do presidente da república commedidas de combate ao novo coronavírus barrou uma tentativa de mu- dar a bula da cloroquina para indicá-la a casos de Covid-19. Nesta quinta, Murillo disse à CPI que, se o contrato com a Pfizer empresa tivesse sido assinado pelo governo de Jair Bolsonaro em agosto do ano passado, o Brasil teria disponí- veis 18,5 milhões de doses da vacina até o segundo trimestre (abril, maio e junho) deste ano. Desse total, 4,5 milhões se- riam entregues entre dezem- bro e março, começando com 1,5 milhão no último mês de 2020. O Ministério da Saúde só firmou acordo com o labora- tório em março, no qual ad- quiriu 100 milhões de doses, dos quais 14 milhões devem ser entregues até junho, e os 86 milhões restantes, no ter- ceiro trimestre (julho, agosto e setembro). Segundo informou Murillo, foramentregues até o momento um total de 2,2 mi- lhões de doses. Em oitiva na CPI, o repre- sentante da Pfizer construiu uma linha do tempo. Segun- do ele, as negociações com o Brasil começaram em maio, e a primeira oferta ocorreu em 14 de agosto. Depois, o labora- tório fezmais duas ofertas, em 18de agostoe 26de agosto, am- bas ignoradas pelo Executivo, como mostrou o jornal Folha de S.Paulo no início de março oministro da Economia, Paulo Guedes. Murillo afirmou que tele- fonou ao ex-secretário ao ter conhecimento de umemail de Wajngarten para o CEO glo- bal da Pfizer, sobre um ofício da empresa que estava parado havia dois meses no governo. De acordo comele, o secre- tário inicialmente se inteirou das tratativas e depois seguiu para o gabinete de Bolsonaro, que recebia Guedes. “O minis- tro Guedes perguntou o quan- titativo ofertado. Ele indicou que o Brasil precisava de mais quantidade e eu respondi que nós vamos procurar oferecer maior quantitativo.” Nodia anterior,Wajngarten havia trazido a informação do telefonema. Emseu relato, afir- mouqueopresidente escreveu em um papel a palavra “Anvi- sa”, indicando que seria neces- sárioprimeiro a autorizaçãoda agência de vigilância sanitária. EGuedes, segundo afirmou, te- ria dito “vacina é o caminho”. A Anvisa deu registro de- finitivo à vacina da Pfizer em 23 de fevereiro passado. Ela foi aprovada pela agência de vi- gilância dos Estados Unidos em novembro de 2020 e po- deria ter pedidoo aval para uso emergencial para usono Brasil em dezembro, caso assim se mobilizassem as autoridades que negociavam a vacina. (FP) deste ano. Nas três foram feitas pro- postas separadas de entregas de dois quantitativos: 30 mi- lhões e 70 milhões de doses para entrega parcelada até o final de dezembro de 2021. “A proposta de 26 de agosto tinha validade de 15 dias. Passados 15 dias, o governo não rejeitou e nem aceitou a oferta.” As duas ofertas previam que aomenos 1,5milhãodedo- ses chegariam ao Brasil ainda em dezembro de 2020. Como a oferta foi ignorada, segun- do Murillo, em novembro as negociações foram retomadas commais duas propostas. Desta vez, só estava na mesa a possibilidade de com- pra de 70 milhões de doses e não havia mais a chance de al- guma vacina da Pfizer chegar em2020. OBrasil receberia 8,5 milhões de doses nos dois pri- meiros trimestres de 2021. Já neste ano, em 15 de feve- reiro, a Pfizer fez nova oferta ao governo. Só havia uma pro- posta na mesa, para a compra de 100milhões de doses. Mais uma vez, a gestão Bolsonaro não fechou o acordo. Em 8 de março, de acordo como representante da farma- cêutica, foi feitamais umaofer- ta, semelhante à de fevereiro, para a entrega de 100 milhões de doses, sendo 14 milhões no segundo trimestre de 2021 e mais 86 milhões no terceiro trimestre –esta foi aceita pelo Brasil. Murillo disse que só ficou confiante com o fechamento do acordopara o fornecimento da vacina como governobrasi- leiro no dia 19 de março deste ano, quando o contrato de fato foi assinado. Durante a oitivadesta quin- ta, senadores, entre eles o pre- sidente da CPI, Omar Aziz (PS- D-AM), fizeram questão de ressaltar o cálculo feito pelo gerente-geral da Pfizer de que, caso o Brasil tivesse firmado um trato no ano passado, po- deria ter recebido 18,5milhões de doses até agora. Isto porque pela oferta fei- ta em agosto do ano passado, teriam sido entregues 1,5 mi- lhão de doses em dezembro, 3 milhões no primeiro trimestre (janeiro, fevereiro emarço) e 14 milhões no segundo trimestre (abril, maio e junho). Em depoimento, Murillo confirmou a conversa telefô- nicamencionada porWajngar- tene que envolveuBolsonaro e A Opresidente Jair Bolsona- ro demonstrou nesta sexta- -feira, 14, preocupação com a possibilidade do ex-pre- sidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputar a cadeira principal do Palácio do Pla- nalto nas eleições do ano que vem. “A turma quer vo- tar ainda neste filhodo cape- ta. Se esse cara voltar, nunca mais vai sair”, afirmouBolso- naroa apoiadores na entrada do Palácio do Alvorada, sem citar o nome do petista. A fala do presidente so- bre Lula aconteceudepois de ‘Se esse filho do capeta voltar, nunca mais vai sair’ Segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha, no primeiro turno, Lula tem 41%das intenções de voto, e Bolsonaro, somente 23% Bolsonaro MARCOS CORREAPR/Lula CRISTIANE MATTOS FUTURAPRESS FOLHAPRESS Bolsonaro fazer umdiscurso contra os opositores da dita- dura militar, que perseguiu opositores, instalou a cen- sura nos meios de comuni- cação e cassoumandatos de parlamentares. Para reforçar odiscurso contra a esquerda, o chefe do Poder Executivo centrou as críticas na luta ar- mada contra o regime auto- ritário e citou o guerrilheiro Carlos Lamarca. “Quando o Lamarca pas- sou, eu estava na porta da escola onde ele, em um ti- roteio, feriu seis, a força pú- Fala de Bolsonaro sobre Lula aconteceu após atual presidente fazer um discurso contra os opositores da ditadura militar blica deteve. Uma mulher (foi ferida) com um tiro na coxa. No dia seguinte ele conseguiu capturar o coro- nel Roberto Mendes Júnior e matou a paulada, foi des- coberto o corpo, que foi en- contrado doismeses depois. Esse é o herói da esquerda, matou a coronhadas”, disse Bolsonaro. “Vale a pena escutar, a ca- nalhada da esquerda conti- nua a mesma coisa. Eles ti- nhamumtribunal de honra, só praticavam justiçamento por fuzilamento. Avocaram esquerda brasileira. A turma quer votar ainda neste filho do capeta. Se esse cara voltar, nunca mais vai sair, escreve aí, tá?”, finalizou o presiden- te se referindo ao ex-presi- dente Lula. Antes dessa fala, uma das apoiadoras bolsonaris- tas havia feito uma criança falar para Bolsonaro: “pren- deoLula, por favor”. Aoqueo presidente reagiu rindo, mas sem fazer comentário. As declarações ocorrem dois dias após uma pesquisa do instituto Datafolha mos- trar que Lula lidera a disputa peloPaláciodoPlanalto com 41% das intenções de voto, contra 23% de Bolsonaro. O ex-presidente da República voltou a ficar elegível depois de o Supremo Tribunal Fe- deral (STF) anular as conde- nações que lhe haviam sido impostas pelaOperaçãoLava Jato. (EC) A O STF (Supremo Tribu- nal Federal) formou maioria para que o governo federal não seja obrigado a realizar o Censo neste ano. A corte já tem sete votos para reverter a decisão domi- nistro Marco Aurélio que im- punha essa obrigação ao Exe- cutivo federal. Seis ministros já defenderam que o Supre- mo deve determinar a reali- zação do Censo, mas apenas em 2022. O julgamento ainda está em curso no plenário virtual que vai até as 23h59desta sex- ta-feira (14). Os magistrados entende- ram que a obrigatoriedade para o IBGE realizar o levan- STF forma maioria para governo só realizar o Censo em 2022 O ministro Kassio Nunes Marques afirmou que não cabe ao STF neste momento impor qualquer obrigatoriedade sobre o tema Marcos Oliveira/Agência Senado tamento deve valer para o exercício financeiro seguinte ao da decisão, ou seja, no pró- ximo ano. Osministros GilmarMen- des, Dias Toffoli, Cármen Lú- cia, RosaWeber, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Bar- roso votaram nesse sentido. Assim, o Censo de 2020 que foi adiado para 2021 por cau- sa da pandemia da Covid-19 só deve ocorrer, na verdade, em 2022. O levantamento deste ano não será realizado devido a cortes orçamentá- rios impostos pelopresidente Jair Bolsonaro ao IBGE (Insti- tuto Brasileiro de Geografia e Estatística). O ministro Kassio Nunes Marques, por sua vez, afir- mouquenão cabe ao STFnes- te momento impor qualquer obrigatoriedade sobre o tema ao Executivo. Já Edson Fachin acompa- nhouMarcoAurélio para que o governo tenha que fazer o levantamento já neste ano. Gilmar defendeu a neces- sidade de dar tempo ao go- verno para se planejar e foi acompanhado pela maioria. “Não bastasse isso, a con- cessão de prazo razoável se alinha com a necessidade de preservar o espaço de delibe- ração próprio das instâncias políticas, assegurando outra oportunidade para que o Po- der Executivo, emarticulação Brasil o tribunal de honra, a cana- lhada, e resolveram matar a coronhadas porque se fu- zilassem um tenente de 23 anos de idade, despertaria por parte das forças de segu- rança a localização.Mataram a coronhadas umtenente de 23 anos de idade. Quemma- tou foi o Lamarca, herói da direta com o Congresso Na- cional, assegure créditos or- çamentários suficientes para a realização do Censo Demo- gráfico do IBGE”. Em 28 de abril, Marco Au- rélio havia dado uma decisão liminar (provisória) em pedi- do apresentado pelo estado do Maranhão e determinado “adoção demedidas voltadas à realização do censo”. O ministro afirmou que a União e o IBGE, “ao deixarem de realizar o estudo no cor- rente ano, em razão de corte de verbas, descumpriram o dever específico de organizar e manter os serviços oficiais de estatística e geografia de alcance nacional”. (FP)
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