27 de setembro de 2020

D iário dolitoral.com.br maissantos.com.br 28 REVISTA E PORTAL WWW.MAISSANTOS.COM.BR “Para que isso continue tanto em 10 ml, que é quando fazemos uma escala laboratorial para testar em camundongos, quanto em 10 litros, para que se possa manter as características fí- sico-químicas dessa vacina é preciso estudar o escalonamento. E é isso que o time da Unicamp vai ajudar: fazer com que essa vacina possa ser produzida em maior quantidade, mantendo a qua- lidade que o professor Marco desenvolveu em escala laboratorial”, explica. Tecnologias aplicadas e etapas de produção O imunologista e professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Marco Antonio Stephano, coordena a equipe responsável pela formulação da vacina e pontua os passos no desen- volvimento da mesma. A primeira etapa foi a pro- dução do antígeno, que nesse caso é uma molécula proteica que estimula o sistema imu- ne a combater o vírus. Após, acontece o escalonamento da produção dessa substância, para que seja possível desen- volver a vacina. Para aumentar a entrega de antígenos da fórmula na mucosa, os pesquisadores utilizam a nanotecnologia. “Com a nanotecnologia nós conseguimos aumentar a concentração de antígenos associados as partículas carreadoras, pois quando você diminui o diâmetro de uma circunferência, você aumenta a proporção da área superficial em relação ao volume dessa partícula e o número de partículas com a mesma quantidade de polímero. Então você acaba aumentando a área superficial total que o antígeno pode se associar e ser ex- posto ao organismo”, afirma Marco Antonio. Além disso, como o polímero (molécula que compõe o antígeno) utilizado é muco-aderente, ele fica por tempo suficiente nas mucosas nasais, fazendo com que as células o levem para o sis- tema imunológico e o estimulem a produzir dois tipos de anticorpos contra o novo coronavírus. “Essa propriedade muco-aderente do polímero faz com que ele fique duas ou três horas depo- sitado na mucosa, o que é suficiente para que os macrófagos e as células especializadas capturem esses antígenos. Uma vez capturados, eles são processados, vão para o sistema imunológico e produzem dois tipos de anticorpo: o IgG, que fica na circulação sanguínea, e IgA secretora que fica sobre a mucosa”, explana o professor. Vantagens da vacina por spray nasal Uma das vantagens da vacina por spray, quan- do comparada com as vacinas injetáveis, é jus- tamente o fato de que elas estimulam também a produção da IgA secretora. Dessa maneira, protege-se assim o principal meio de entrada do vírus no corpo: as mucosas das vias aéreas. Conforme estudo recente relativo à produção de outra vacina por spray nasal, viu-se que por esse método elimina-se o RNA viral no nariz, o que não foi observado na vacina injetável. Assim, apesar de ambas as vacinas desse es- tudo serem protetoras, segundo a professora Lau- ra, a vacina por spray nasal teve a vantagem de eliminar completamente o vírus, e já na porta de entrada. “Foi de- monstrada essa vantagem de proteger a pessoa na entrada viral, então você consegue ter imunidade na mucosa nasal, o que faz com que se impeça a entrada viral e uma possível residência por curto tempo do vírus, inibin- do contaminação de outras pessoas”. A pesquisadora também observa que a vacina por spray é mais fácil de ser aplicada, dispensando treinamento específico. Por não necessitar de agulha, também resolve possíveis problemas de fornecimento de material. “Já fizeram cálculos de que se todos tivessem que ser vacinados ao mesmo tempo, não teria agulha para fornecer para todos nós, então temos essa vantagem”, diz. Ela ainda destaca o fato de ser uma vacina inovadora, viável economicamente e realizada com tecnologia 100% brasileira, reduzindo de- pendência de instituições de outros países. Por fim, observa Laura, muitas pessoas têm medo da aplicação injetável. Assim, na administração por via nasal, há mais adesão à vacinação. Perspectivas para a vacina Uma das principais preocupações no contexto da pandemia é a corrida para a disponibilização de Dr. Stephano: ajuda da nanotecnologia Foto: Reprodução

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